Segurança nas escolas é dever de casa para gestores
Planejamento adequado é fundamental para a segurança nas instituições de ensino
Atualmente, a segurança se tornou o principal critério na hora dos pais escolherem onde seus filhos irão estudar. O último levantamento do Ibope mostra isso: 87% dos pais entrevistados responderam que priorizam a segurança na escolha de um colégio particular. A qualidade do ensino e a disciplina ficaram logo atrás, com 81% e 74%, respectivamente.
Mas como saber se uma instituição de ensino é, de fato, segura? Geralmente o primeiro pensamento que surge é se ela possui estruturas fortificadas, câmeras espalhadas pelas instalações e vigias nos locais de acesso. Entretanto, uma instituição de ensino segura é aquela que apresenta maior conhecimento dos seus fatores de risco e planeja sua segurança, não só com investimento em equipamentos e softwares, mas também na determinação de treinamentos e procedimentos, buscando atender às suas necessidades.
Além do recrutamento de vigilantes capacitados e da instalação de equipamentos avançados, um planejamento adequado e a avaliação minuciosa de cada caso são elementos fundamentais para uma segurança eficaz e podem ainda contribuir com o core business (estratégia do negócio), seja da escola ou da universidade. Os sistemas são apenas parte dessa mentalidade e não isoladamente o objetivo ou a única ferramenta que deve permitir uma gestão efetiva da segurança.
Para Mauro de Lucca, gerente da multinacional de segurança privada G4S, embora isso aconteça rapidamente no mundo corporativo, esse processo ainda está muito atrás no segmento escolar. “É preciso uma estratégia que contribua para uma velocidade maior no amadurecimento dos gestores nas instituições de ensino, chamando a atenção para a importância do gerenciamento de segurança, como redução de custos, redução de perdas, análise de riscos e melhoria da imagem, através das ferramentas que a ciência da segurança utiliza”.
A segurança como ciência
Segundo Mauro de Lucca, a gestão de segurança é uma ciência que defende fórmulas de incidência, probabilidade, histórico e valores. Ela exige uma preparação prévia e uma análise profissional para que se possa entender as práticas utilizadas e para que haja não só monitoramento.
Inclui-se também um estudo de toda a massa de informações que são obtidas com o auxílio das tecnologias. Com isso, o diagnóstico interfere desde a distribuição mais apropriada das salas, até questões como perda de tempo com movimentação e controle mais eficaz dos professores e alunos.
O executivo afirma ainda que a chave para uma gestão efetiva de segurança está na prevenção, e este deve ser o seu principal objetivo. “Infelizmente, não temos a cultura da prevenção, até mesmo na vida privada. Isso dificulta bastante, pois nós estamos sempre agindo de forma reativa e não proativa. Por isso, se levantarmos essa discussão, poderemos contribuir para a reforma desse processo”, diz.
Ensino e Negócios
Devido ao aumento da competitividade entre as instituições, assim como o ensino pode ser considerado um negócio, hoje a escola pode ser comparada a uma empresa. Por isso, alguns fatores devem ser observados que não se resumem somente em ministrar boas aulas. O foco deve ser direcionado para o desenvolvimento de um projeto de gestão semelhante ao de um ambiente corporativo.
Nesse cenário, a segurança traz ferramentas que irão ajudar na gestão do negócio, não só na questão da segurança em si, mas também atuando de uma maneira inteligente em todo o processo. “O projeto deve englobar a movimentação de visitantes, a distribuição físicas das turmas, dos locais de estudo, além de uma maior fiscalização na presença de alunos e professores dentro das salas de aula. Esse conjunto de fatores vende segurança e acaba contribuindo para a gestão do negócio em si”, afirma de Lucca.
Apesar de não haver uma solução padrão para ser adotada, a abordagem desse assunto é fundamental para estimular ideias e reflexões, além de promover a conscientização de dirigentes de escolas e profissionais de segurança sobre a necessidade de investimentos em recursos materiais, tecnológicos e humanos nas instituições de ensino e, assim, trazer um pedaço importante da sociedade civil pra dentro dessa discussão.